As mais belas palavras são aquelas que não precisam ser ditas, pois fazem sentido até mesmo antes de sua pronúncia. A palavra é bela em si mesma quando o sentido que traz em si é facilmente percebido por quem não precisa escutá-la.
A compreensão não é, entretanto, um necessidade básica da palavra, mas a percepção do que ela quer dizer simplesmente é o necessário para sua realização mais íntegra. Cada palavra traz em si mesma sua exata significação, mas não a percepção, que é doada por quem a pronuncia ou a escuta.
O mais belo na palavra é que ela não precisa existir para que o sentido seja. Uma imagem, uma foto, um som... é o necessário para que algo possa ser percebido, ou até mesmo entendido. Um olhar basta; um sorriso cura; um abraço liberta. Uma flor conquista, ombros elevados podem duvidar. Um arroz torrando ao alho e óleo aguça o paladar. Uma água fresca vence a sede. O ar mantém a vida.
A expressão nem sempre traz a palavra em seu significado mais profundo. Um aperto de mãos é mais útil para selar a paz do que um conjunto bem formado de palavras em uma ou várias frases.
Gosto muito das palavras por elas serem capazes de me transformar por dentro. É delas que eu extraio o que quero expressar, quando não encontro em outras formas o que me é mais exato para dizer sem o uso do vocabulário.
Não à toa, São João escreve no prólogo de seu evangelho que "a Palavra se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1,14), apresentando-nos o perfeito ponto de equilíbrio entre palavra e ação. É a literalidade do "Verbo", enquanto eu procuro o sentido das coisas nos substantivos. Quando procuro o significado nos nomes, eles estão nas ações. Devo aprender mais como utilizar as expressões nas ações ou estados da minha alma. As palavras passarão, então, a ter muito mais sentido para quem me lê.
O silêncio é uma pessoa que sempre me escuta. É nele que as palavras todas perdem ou retomam o sentido. É o lugar da reafirmação da minha fé, que não necessita de palavras para existir.
Eduardo Parreiras
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