sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

DESESPERO OU ESPERANÇA?


Olá!

Hoje estou rezando com uma música do novo CD da Adriana Arydes. Primeiramente, achei linda a atitude da missionária, que fez questão de incluir o sobrenome do esposo em seus trabalhos. Ela está vivendo uma graça em seu matrimônio ao desejar que sua família seja manjedoura e estrela, seja o ninho de acolhida ao Menino Deus e, ao mesmo tempo, missionária que mostra onde ele está, com sua arte e dedicação. A canção "Te farei vencer" é, ao meu ver, a que mais fala para os homens de nosso tempo.


Ontem (21/12/2011) eu passei pelo shopping e pude reparar nos rostos das pessoas que passavam freneticamente com suas sacolas enormes, olhando as vitrines e esbarrando-se umas nas outras. Sorriam, beijavam-se, andavam de mãos dadas ou abraçadas... Homens, mulheres, crianças, jovens, idosos. Todos estavam ali, tansitando pelos corredores, afoitos atrás dos presentes de natal.


O consumismo levou o homem ao desespero. Todos precisam "ter" a qualquer custo e, aqueles que não podem "ter", excluem-se da sociedade por preconceito, ou por baixa autoestima. Algumas crianças são contempladas com brinquedos caríssimos, enquanto outras não são contempladas nem com um prato de feijão e arroz. Jovens gastam suas gordas mesadas em roupas, muitas vezes desnecessariamente, enquanto muitos não tem acesso ao vestuário básico e digno. Pais e mães de família gastam uma nota preta em presentes para os filhos mimados, atitude essa muito distante da verdadeira pedagogia que educa para um mundo melhor, enquanto outros pobres coitados não podem nem pagar suas contas básicas, aquelas que nos são indispensáveis para a sobrevivência.

Enquanto isso, cada um luta por si próprio. Talvez, pensam eles, Deus age por alguns. O individualismo toma conta do nosso mundo, cada vez menos preocupado com o necessário e mais afoito com o supérfluo. O homem de hoje está adotando atitudes cada vez mais pueris diante de Jesus Menino, deitado na manjedoura de Belém, anunciado pela estrela que conduziu reis e pastores, pobres e ricos, à estrebaria que acolheu a Sagrada Família.


É preciso amadurecer na fé. Pior que isso, é preciso ter fé, pois nem isso o nosso mundo tem. É errado acreditar em papai noel? Claro que é!!! Eu odeio essa figura que rouba a cena na celebração de uma das mais encantadoras e fundamentais realidades do evangelho. Nós, cristãos, não podemos adorar o consumismo, antepor o "ter" ao "ser", comportando-nos como magos que se preocupam somente com "ouro, incenso e mirra".

A canção que mencionei da Adriana Arydes, que segue em vídeo do youtube, fez-me pensar nesses tempos em que nós, cristãos, temos que unir o nosso sangue ao Sangue do Senhor no anúncio do evangelho. Tenho certeza que, para que os homens se voltem para Deus, teremos que ser estrela, manjedoura e estrebaria em um mundo que não olha para o céu, a não ser com a preocupação se há vida em outros planetas. O homem conseguiu ir à lua, e uma de suas sondas moderníssimas já conseguiu sair dos limites do sistema solar. Porém, não consegue aproximar-se de um Deus tão belo e simples, que está dentro de si mesmo.

É preciso lutar e vencer, caminhar e chegar. O evangelho só perde o efeito quando o remetente esquece-se do destinatário. E nós, cristãos vocacionados à doação de nossas vidas no amor, temos que confiar em Deus e segui-lo até o fim, onde está o começo de tudo... a mesma estrela, a mesma estrebaria e a mesma manjedoura. Os mesmos personagens de uma vida mais que real. 

Reze com a letra dessa música. Por mais que não pareça ter algo a ver com a festa do natal, a realidade em que nos inserimos nesse tempo nos leva a tomar posse dessa graça...


No silêncio desse quarto
com essa dor dentro do peito
Eu sei, não há outro caminho
eu sei que não há outro jeito

As lágrimas não sei como cessar
E às vezes não me deixam enxergar
mas sei que, com a fé no meu Senhor,
eu posso tudo passar, é o Senhor quem me diz:

"Confia em mim, vou com você, não te deixarei só
Se for fiel te honrarei, e te farei vencer!"

"Eu luto por ti
Eu venço por ti
Não temas, confia
Pois te farei um vencedor!"

Agora, ouça a canção em um vídeo no youtube. Vale a pena!



A nossa vitória é a vitória de Cristo Menino Deus. Que Ele nos inspire a viver na simplicidade dos pastores, na nobreza dos magos e no zelo de Maria e José.

Até mais!!!


Didu

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A ESTRELA E A MANJEDOURA


Olá, pessoal! Paz e bem!


Já temos quatro velas acesas na coroa do Advento, sinal da proximidade da chegada do Senhor. Está próxima a festa da Encarnação do Verbo de Deus, que veio morar no meio de nós.


Com o Natal do Senhor Jesus, celebramos a paz, a fraternidade, a solidariedade e tantas outras coisas que são transportadas na vivência do amor. Acendemos luzes, montamos árvores e presépios. Por todos os lados vemos os "papais-noeis" enfeitando vitrines ou tirando fotos com as crianças nos shoppings centers. Não gosto deles.


As ruas estão lotadas, o comércio faturando alto. Todo mundo numa correria desenfreada que, ao final, vai dar na mesma de sempre... muitas pessoas tristes por não consequirem comprar o presente que queriam dar, ou porque não ganharam o que esperavam. A data, para muitos, lembra alguém que se foi e deixou uma lacuna difícil de ser preenchida.


Com tudo isso, o Natal não será, de novo, vivenciado. A cada ano percebo que menos pessoas aderem ao nascimento de Cristo como um começo de vida nova. A preocupação com o supérfluo é muito grande, proporcional à correria do fim de ano. A festa do Natal é a festa do Senhor e, por isso, é nossa celebração também. É o momento de celebrarmos o Cristo que mora no coração do outro e no nosso.

Duas coisas me chamam a atenção nos evangelhos que anunciam o Natal de Jesus: a "estrela" e a "manjedoura". Claro que é lindo contemplar o presépio com Maria e José, compondo a sagrada família; também é místico olhar para os pastores que vieram adorar o Senhor e os reis que vieram do oriente trazer-lhe presentes. Jesus Menino é o Deus Infante que nos leva a crer que a infância espiritual nos levará para o céu. Mas vejo uma beleza sem igual nas narrações que relatam a estrela que conduziu os pastores a Belém, e a manjedoura que acolheu Jesus.

Primeiramente, a estrela é um sinal claro de luz. Isso não é novidade para ninguém. Como é lindo ver um céu estrelado! Quem nunca ficou a admirar o céu em uma noite límpida, todo estrelado e a lua cheia a reinar no meio delas? É mágico. Ops!!! Místico! Foi pela orientação das estrelas no firmamento que os europeus começaram a avançar para águas mais profundas em direção às "Índias", quando chegaram à América. A estrela, no evangelho, tem a missão de indicar o lugar do nascimento de Jesus. Aqueles que deveriam adorá-lo viram uma estrela e a seguiram. Mas como saber disso? A resposta está na "luz" que a estrela emite. Era uma estrela mais brilhante e com um realce muito diferente das outras.


Em segundo lugar, a manjedoura é um artefato criado para alimentar o gado e outros animais de pasto. É onde se coloca o feno para a alimentação dos animais. Manjedoura vem da palavra latina "mangiare", ou "manjar" em português, que significa "comer". A manjedoura é o lugar usado para alimentar o gado. Jesus, ao nascer em nosso triste mundo, não teve um berço ou cama que pudesse acolhê-lo. Já nasceu na simplicidade que é condição suprema de sua divindade. É também interessante perceber que, desde que nasceu, Jesus já se dispõe a se fazer "alimento" para a nossa humanidade faminta do céu.


Estrela e manjedoura: eis duas figuras importantes na narração do nascimento de Cristo. Uma mostra onde Ele está e outra O acholhe. E nós, o que somos hoje? Estrela que indique onde o Cristo se encontra, para os homens que ainda não viram a sua luz? Ou manjedoura, para servir o Cristo inteiro, que sacia a fome de eternidade dos homens e mulheres de nosso tempo?

Me parece que o mundo anda carente demais para assumirmos uma só postura. Temos que ser, ao mesmo tempo, estrela e manjedoura, luz e alimento para que o mundo creia que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1,14). Como um Deus tão imenso pode vir até nós para nos libertar das amarras do pecado que nós mesmos criamos??? É misericórdia demais!

Preparemos os nossos corações sem correrias, consumismo ou lendas que desviem o nosso olhar da gruta de Belém. Aliás, meu coração caminha para lá... vamos também???

Enquanto aguardamos o Cristo que já está às portas, oremos e vigiemos... Ele virá até nós, outra vez.

Ouçam a belíssima canção "Ao Eterno Amor" da banda Vida Reluz, que eu amo!



Abraços!!!!

Eduardo Parreiras

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Creia!

Boa noite, pessoal!

Estou chegando ao final do ano de uma forma nunca antes vivenciada. Tenho experimentado o Advento como uma espera, muito além da que celebramos na liturgia. Como já partilhamos no blog, este tempo é uma preparação para o Natal do Senhor e sua segunda vinda; é o tempo da chegada de um Deus que não desiste de nós.

Este ano de 2011 foi muito importante para mim. Realizações e metas alcançadas, que não costumavam fazer parte da minha vida, marcaram esse ano que vai ficar gravado para sempre na minha memória. Foi um tempo precioso. Tempo de colheitas importantíssimas, que terão reflexos nos próximos anos e, quem sabe, durante toda a minha vida.

Terminei meu curso de Filosofia na PUC-MG. Agora posso dizer que sou um bacharel, rsrsr! Vi jovens ser transformados pela graça de Deus! Conheci a Europa e o cerne do catolicismo: vi o Papa, ao vivo e a cores, pela primeira vez na vida. A maior e mais importante meta da minha vida até agora... Pisar o solo santo de Roma, onde tantos mártires derramaram seu sangue para uni-lo ao de Cristo Crucificado, não tem preço!


Entretanto, o que mais marca este ano de 2011 é a resposta que Deus espera de mim. No Advento de seu Filho o Pai, pela graça do Espírito Santo, ouve de meu coração o meu sim ao seu chamado, irrefutável e inefável. Não posso mais viver por mim mesmo, mas já vivo inteiramente em Deus, por Deus, com Deus e para Deus. Os desejos deste mundo passageiro já não fazem sentido diante da graça de ser somente de Cristo.

O meu "sim" ao projeto de Deus na minha vida foi dado. Doravante será uma questão de momentos e oportunidades para concretizar a vontade de Deus em minha vida.

Este ano marcou muito a minha história por ter sido o ano em que mais pude praticar a humildade. Ser húmus, terra fértil, não é fácil. Deixar Deus plantar sua semente e deixá-la germinar não é para qualquer um, mas para quem tem a coragem de deixar o evangelho tomar conta de sua vida. Confesso que estou deixando Deus me transformar do modo como lhe convém. Já não é mais interessante viver uma vida vazia de divindade e repleta de humanidade.

Deus tem um propósito na minha vida. Ele não me deixaria conhecer o altar mais importante do mundo na Basílica de São Pedro, no Vaticano, para perceber que o altar mais importante do mundo é o da minha paróquia, se não tivesse um propósito muito maior que minha imaginação possa alcançar para mim...

Eu amo o altar, a Eucaristia, os sacramentos; sou um filho adotado por Maria e totalmente devotado à sua intercessão. Eu creio e adiro à comunhão dos santos, e estabeleço São João da Cruz, cuja festa celebramos neste dia 14 de dezembro, como meu padrinho no céu. Ele, de agora em diante, terá trabalho comigo, rsrsrsr!

Minha vida de agora em diante parte da realidade divina, e pretendo, aos poucos, abandonar todo e qualquer excesso de humanidade que me impeça de viver na presença constante de meu Deus. Eu sou dele e não quero que seja diferente disso. Mais do que aceitá-lo em minha vida, eu o assumi; disse um sim irrevogável e sei que não posso mais voltar atrás.



Lembro-me de Pe. Léo, em sua última pregação, dizendo: "Antigamente eu tinha dó de gente feia; hoje, tenho dó de quem não tem fé!" Faço minhas as suas palavras. Tenho dó de quem não tem fé! Eu vivo em comunhão com Deus e quero que todos ao meu redor (mesmo virtualmente) vivam essa intimidade com o céu.

Eu nasci para ser de Deus. Nada mais poderá me afastar da estrada que me conduz à eternidade. Eu assumi Deus em minha vida, com o nome de Jesus Cristo. Assumi uma mãe que, de Maria que é, me ajuda a focar no que é necessário para ser salvo.

Eu tenho necessidade do céu. Eu preciso dele. Sou dele e não aceito algo diferente. A eternidade é meu lugar atemporal em que me realizarei. É minha pátria futura, da qual tomarei posse por toda a eternidade.


Quem teve a paciência de ler este texto até aqui, certamente tem também um enorme desejo pelo céu. Eu creio que a morada de Deus seja a mais perfeita, e é a perfeição verdadeira que desejo para mim.

No vídeo abaixo, gravado por Amanda Pinheiro, Cristiano Pinheiro e Davidson Silva, você poderá rezar essa necessidade de crer.



Creia em Deus. "É muito mais sofisticado crer em Deus do que não crer!" Frase de Pe. Fábio de Melo

Deus te abençoe!!!

Didu

sábado, 10 de dezembro de 2011

Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria

Olá, pessoal! Paz e bem!!!


Eu fiquei de postar um texto sobre a Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria, no dia da Solenidade, 8 de dezembro. Porém, fiz uma peregrinação e caminhei 40 km de Pará de Minas a Conceição do Pará, pedindo a intercessão de Maria Imaculada por todos nós, da noite do dia 7, pela madrugada e parte da manhã do dia 8. Cheguei em casa exausto e não tive condições de escrever. Claro! rsrsr Dormi das 15 h de ontem até as 5 h da manhã de hoje! Mas todo sacrifício valeu a pena. A graça foi maior que tudo!!!


Nossa Igreja proclamou quatro dogmas (verdades de fé) marianos, a saber: 1) Maternidade Divina - Maria é Mãe de Deus, proclamado no Concílio de Éfeso, no ano de 431; 2) Virgindade Perpétua - Maria sempre virgem, não me lembro a data de proclamação; 3) Imaculada Conceição - Maria concebida sem pecado, proclamado pelo Papa Pio IX em 1854; 4) Assunção de Maria ao Céu - Maria elevada em corpo e alma para o céu, proclamado pelo Papa Pio XII, em 1950. Vou me deter apenas no dogma da Imaculada Conceição, cuja festa nos é recente. Desses quatro dogmas, o que primeiro fundamenta a crença católica acerca de Maria é exatamente o primeiro da lista, o da Maternidade Divina. Maria, enquanto Mãe de Jesus, é Mãe de Deus, que se fez homem e habitou no meio de nós (Jo 1,14).




Das quatro verdades de fé fundamentais da doutrina católica no que se refere a Maria, a que mais me admira é a sua Imaculada Conceição. Para que Jesus viesse ao mundo, Deus preparou uma mãe pura e sem pecado para que o seu filho fosse concebido em um ventre puro, sem mancha, ou seja, "imaculado". "Macula" é uma palavra latina que significa "mancha", e que, por sua vez, exprime uma conotação do pecado. Todos nós, homens e mulheres, nascemos "maculados" pelo pecado, manchados desde a nossa concepção pela desobediência primeira dos nossos primeiros ancestrais.


Assusta-me a grandeza de Deus nessa ocasião. Tudo Ele fez de modo perfeito, sem mácula. É sempre infalível e irrepreensível diante da criação. Pela hereditariedade, Maria transmitiria a Jesus o pecado original, caso não tivesse sido concebida sem a desgraça primeira. Por isso, Maria foi proclamada por Pio IX, após séculos de e veneração e conhecimento pela Igreja, o grandioso dogma da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria.


Assim ficou definida a Imaculada Conceição de Maria, pela bula "Ineffabilis Deus", promulgada em 8 de dezembro de 1854, pelo Papa Pio IX: "A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis."


É lindo perceber que a ação de Deus na vida de Maria já havia sido prevista pela profecia de Isaías: "Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Deus Conosco, o Emanuel." Is 7,14


Na liturgia da solenidade que celebramos a Igreja nos propõe, com um especial carinho pastoral, as leituras que indico a seguir: 1 Leitura Gn 3,9-15.20; Salmo 97; 2 Leitura Ef 1,3-6.11-12; Evangelho Lc 1,26-38. Não deixe de ler, pois essas leituras esclarecem completamente a graça dessa celebração.


Sabiamente, a Igreja nos define de forma clara o dogma da Imaculada Conceição de Maria em duas partes na Santa Missa: na oração da coleta, onde se lê "Ó Deus, que preparastes uma digna habitação para o fosso Filho, pela imaculada conceição da Virgem Maria, preservando-a de todo pecado em previsão dos méritos de Cristo, concedei-nos chegar até vós purificados também de toda culpa por sua materna intercessão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!" Eis a razão pela qual Maria foi concebida sem pecado: tornar-se uma morada digna para seu Filho divino. O segundo momento é o prefácio da oração eucarística, onde se lê "Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. A fim de preparar para o vosso Filho mãe que fosse digna dele, preservastes a Virgem Maria da mancha do pecado original, enriquecendo-a com a plenitude da vossa graça. Nela nos destes as primícias da Igreja, esposa de Cristo, sem ruga e sem mancha, resplandecente de beleza. Puríssima, na verdade, devia ser a Virgem que nos daria o Salvador, o Cordeiro sem mancha, que tira os nossos pecados. Escolhida, entre todas as mulheres, modelo de santidade e advogada nossa, ela intervém constantemente em favor do vosso povo." Esta é uma verdadeira catequese, resumida em poucas linhas, sobre esse dogma tão fundamental da nossa fé mariana.


Nós temos uma mãe. E essa mãe, cheia de ternura, nos acolhe e nos leva sempre ao seu Filho. Eu ouvia as palavras de Dom Tarcísio, bispo diocesano de Divinópolis que presidia a Santa Missa em Conceição do Pará, que a salvação operada por Cristo é retroativa, e alcançou até mesmo sua Mãe, tornando-a toda santa e imaculada antes mesmo de sua vinda ao mundo, para que pudesse encarnar-se em um corpo inviolado pelo pecado.


Diante de tamanha grandeza da nossa fé, só nos resta suplicar à Mãe de Deus e da Igreja, Mãe de cada um de nós: "Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!"


Que Deus nos abençoe a todos, por intercessão de Maria.


Abraços!




Eduardo Parreiras

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Tempo de esperas

Olá! Paz e bem!!!

Estou curtindo muito o tempo do Advento, este tempo de espera, da minha parte, e de fidelidade, da parte de Deus. Eu amo os ventos adventícios, que me trazem a esperança do novo amanhã, iluminado pela graça de ter um Deus feito carne que habitou e permanece entre nós.


A liturgia nos insere no mistério tão amável desse tempo, e nos convida à oração confiante, cujo objeto de amor é o Senhor que vem. O segundo domingo do Tempo do Advento foi marcado pelo salmo 84, que tenho o prazer de reproduzir aqui em texto e, após, em música (claro!).

MOSTRAI-NOS, Ó SENHOR, VOSSA BONDADE,
E A VOSSA SALVAÇÃO NOS CONCEDEI!

Quero ouvir o que o Senhor irá falar:
é a paz que ele vai anunciar;
a paz para o seu povo e seus amigos,
para os que voltam ao Senhor seu coração.
Está perto a salvação dos que o temem,
e a glória habitará em nossa terra.

A verdade e o amor se encontrarão,
a justiça e a paz se abraçarão;
da terra brotará a fidelidade,
e a justiça olhará dos altos céus.

O Senhor nos dará tudo o que é bom,
e a nossa terra nos dará suas colheitas;
a justiça andará na sua frente
e a salvação há de seguir os passos seus.


Bem, pessoal... fui tocado pelas palavras desse salmo. Se já sabemos que este tempo é propício para vivenciar a espera, torna-se claro que "está perto a salvação daqueles que temem o Senhor". Nossa redenção está muito mais próxima do que podemos imaginar. Nossa correria, o cansaço, o desânimo, os desgostos... tantos são os obstáculos que nos impedem de ver e contemplar a salvação que está para chegar, muito menos temos tempo para ver "a glória que habitará a nossa terra". Na verdade, tal glória já habita entre nós e, no entanto, não nos lembramos mais dela.

Verdade e amor já são palavras sem sentido em nosso tempo. Justiça e paz também. Fidelidade pouca gente sabe o significado. Porém, sabemos que "o Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas". Deus permanece o mesmo, independente do que pensemos a seu respeito. A justiça há de guiar os passos daquele que crer, cuja salvação será alcançada se trilhar os caminhos de Deus.

"Adveniat regnum tuum!"

Esta é a aclamação que deve existir no nosso coração no Tempo do Advento. "Que venha o teu reino!" Este é o desejo necessário para a espera Daquele que há de vir. Esperar não é para qualquer um... é só para quem teme e confia em Deus.

Recebi de minha amiga e futura afilhada Alauana Primo dois presentes. O primeiro, em meu aniversário, o livro "Tempo de Esperas", de Pe. Fábio de Melo. Terminei hoje a leitura. Fui profundamente tocado ao descobrir que preciso ter um jardim para cuidar, a fim de crescer como homem (leia o livro e entenderás porque digo isso, rsrs!). Preciso aprender a esperar e nenhum tempo é mais propício que o Advento para iniciar essa vivência. O segundo presente foi uma belíssima melodia do salmo que estamos a refletir hoje, nas vozes de Amanda Pinheiro, Cristiano Pinheiro e Davidson Silva, da Comunidade Católica Shalom, que nos exorta a viver esperando em Deus.


Esperar é necessário. Mesmo que provoque dor.

Até mais!!!!


Eduardo Parreiras

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

É preciso esperar

Boa noite, pessoal!!!

Eu amo o Tempo do Advento, pois me leva a esperar. Tenho experimentado a espera como um graça, pois por mim mesmo eu não sou capaz. Sou ansioso demais para esperar qualquer coisa, inclusive as coisas de Deus. Quero tudo no agora, no já... nada no depois.


A espera contradiz tudo o que nossa sociedade vive em nosso tempo. Ninguém quer esperar nada (inclusive eu!). No trânsito, nas ruas, no trabalho, faculdade, escola, família. Nada pode esperar. Tudo tem que ser pra já!!! E pronto! Não há o que comentar.

Poucos conseguem saborear a vida e torná-la doce. O sal está exagerado e a pressão sobe. A gordura dispensa comentários, e o colesterol mais alto que a estação espacial internacional. A glicose é inconstante e vive num sobe e desce frenético.

As tecnologias disparam sobre nós uma correria desenfreada pela atualização. Não posso ficar para trás, de forma alguma! Tenho que me manter conectado vinte e cinco horas por dia. Vinte e quatro é pouco. E os vícios vem tirar de nós os doces momentos (lentos) da vida.

A correria nos tira a graça do sabor das coisas. Não conseguimos mais admirar sorrisos, olhares, abraços e outros gestos que deveriam ser tão comuns. Cada dia leio coisas absurdas na internet e ouço bobagens infinitas na TV (e olha que não passo nem uma hora do meu dia assistindo algo na TV!). Até sites que eram para ser mais úties (como o Yahoo!, por exemplo), só apresentam bobagens em suas páginas iniciais.

A sociedade quer saber das fofocas das celebridades (ou subcelebridades); os resultados dos jogos de futebol e outros esportes; o que aconteceu na novela... como será a semana sem saber do bafão da novela??? Ahhhh!!! Não existe essa possibilidade!!!


A Igreja, por meio de seus preciosos tempos litúrgicos, nos ensina o essencial da vida, que é estar constantemente em comunhão com Deus. Nossa natureza foi criada por Ele e Dele depende. A parada é tão importante quando o caminho em uma viagem. Aguardar é necessário. Sempre.

Tenho pedido a Deus a graça da constância, para que eu seja fiel na espera. Mas tem sido difícil, muito difícil. É claro que a dificuldade existe. Sem ela não existe cruz e, consequentemente, ressurreição. Esse mistério é o que Deus deseja que vivamos. É mais simples do que imaginamos ou queremos que seja.

Nem sempre sentimos a presença de Deus. Fato. Esse é o exato momento da provação da nossa fé, quando não temos nada nas mãos para olhar e acreditar. É aí que reside a confiança mais desprovida de falsos anseios. É no deserto que se vence a tentação (Mt 4,1-11).

A ausência aparente de Deus revela a sua forma mais presente: a misericórdia. É nela que entregamos nosso ser; é a partir dessa experiência que nos tornamos capazes de entregar tudo a Ele. O coração de Deus, se debruça sobre a nossa miséria e, quando somos capazes de enxergar ambos, crescemos em grandeza de alma. Mesmo que o nosso coração esteja distante, Ele não desiste de nós. Isso se chama "onipresença" divina.


O Advento nos leva a contemplar os desejos de Deus para nossa vida. Entendê-los já é uma outra história, que não precisa ser contada.

Deixo uma música para oração na belíssima voz de Caio Bonicontro, da Comunidade Homem Novo, de Araxá-MG. Seguem a letra e o vídeo no Youtube.

Que Deus te abençoe e te conceda uma excelente experiência de espera neste tempo de preparação para o Natal...

Eduardo Parreiras




Deus de Milagres Caio Bonicontro
Deus tem um plano pra você
Basta só você querer
Tomar posse desse amor

Sinta Sua presença neste lugar
Ele vai te transformar
Nova vida te dará

Mesmo se distante esta teu coração
Ele não desiste nunca de você

Ele é um Deus de milagres
Ele é um Deus de cura
Ele é um deus de amor
E ele quer curar a tua dor
Ele é um deus tão presente
Ele não é invisivel
Você pode tocar
Sentir suas mãos a te levantar
E te dar a vitória

Fonte:
http://www.vagalume.com.br/caio-bonicontro/deus-de-milagres.html#ixzz1fQNfFSaE

sábado, 26 de novembro de 2011

"Adveniat regnum tuum!"

Boa noite, queridos!


Estamos próximos do término do Tempo Comum, celebrado em nossa querida Igreja para recordar a vida e os ensinamentos de Jesus, enquanto peregrinava neste mundo. Em questões de fé, todo fim tende a dar vida a um novo começo, como uma muda que dá lugar a uma rosa a desabrochar.




Viver o Tempo Comum é andar com Cristo e aprender Dele coisas importantes que residem em sua sabedoria. Seu Coração Divino se revela como a alma do pastor que se ocupa em guardar seu rebanho de ovelhas. Durante esse período de graça aprendemos mais sobre seus ensinamentos imersos nas parábolas e contemplamos os milagres realizados, como curas e libertações.


A liturgia nos convida a deixar de contemplar tais mistérios e começar a vivê-los de fato em nosso quotidiano. Cada Santa Missa celebrada é um momento intenso de cura e libertação, e a Igreja quer que vivamos essa graça. Cada oferta levada ao altar é um agradecimento que se sacramenta e se torna comunhão em nosso coração.




Tempo Comum não tem nada de anormal à luz da fé, mas é um chamado a viver uma religiosidade diferente. É um tempo de santificação em um mundo que só vive em pecado. Viver esse período significa procurar viver na prática o que se celebra no Nascimento, Morte e Ressurreição de Jesus, resumido em seu mandamento máximo: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".


Esse tempo, composto de trinta e quatro semanas, é o tempo do amor, o momento que se estende por fazer valer na vida do cristão os ensinamentos que Jesus instituiu e praticou radicalmente. É bem propício criar raízes no Evangelho enquanto vivemos a liturgia que é celebrada nesse tempo. A cor verde, que impera na liturgia, torna real em nosso coração a esperança que se vive na prática das verdades do evangelho. Pela Palavra de Deus que refletimos nesse tempo, deixamos gotejar em nossa alma a Verdade da Salvação, que é o próprio Cristo.


A trigésima quarta semana do Tempo Comum dá lugar a um novo Tempo: o Advento. Nele, preparamos o nosso coração para receber o Cristo que vem. Aliás, o Cristo é sempre "Aquele que vem", o "Deus conosco", ou "Emanuel". Em Cristo Deus se fez presente neste mundo e veio ao nosso encontro. "Na busca de Deus, é Ele quem se apressa e vem correndo ao nosso encontro", dizia Santo Agostinho.




A chegada é sempre celebrada. Festejar um Deus que chega em nosso meio é algo que precisa ser compreendido, e o Tempo do Advento é exatamente esse período que a Igreja estabeleceu para que conheçamos melhor a encarnação do Verbo de Deus, assim como seu Retorno Glorioso.


"Adveniat regnum tuum", dizia Jesus em sua catequese sobre como devemos orar ao Pai. "Que venha o teu reino!" Esse é o desejo que todo cristão deve cultivar em seu coração. No Advento, temos quatro domingos que nos são propostos à conversão e à espera pelo Cristo que chega até nós. Por isso simbolizamos esse tempo litúrgico com uma coroa composta de quatro velas, que significam a luz que se expande à medida em que o Cristo se aproxima. É o tempo da "aproximação" de um Deus que nos ama e nos salva.


"Senhor, vós que sempre quisestes ficar muito perto de nós, vivendo conosco no Cristo, falando conosco por Ele (...)". Esta é a introdução da Oração Eucarística V, redigida no Congresso Eucarístico de Manaus pela CNBB. Esta é a realidade central da nossa vida de católicos: viver em Deus que, em Cristo, fez-se tudo em todos.


"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós!" (Jo 1,14). Essa é a realidade que esperamos, não no simples sentido de aguardar, mas de crer, aderir, desejar e comungar.




Comungamos o Cristo que veio até nós e permanece em nosso meio. Celebramos seu "memorial", que o torna sempre presente. Eis o significado do Natal: receber de novo um Deus que aqui já está. Nunca é demais dar um "oi" para o Cristo, que nos amor por primeiro.


Sendo assim, clamemos neste novo tempo: Vem, Senhor Jesus!  "Adveniat regnum tuum!" Que venha o teu Reino!


Tenho escutado muito a canção "Tu és Santo" de Adriana Arydes. Posto, antes do vídeo, a letra para que seja rezada. A parte grifada pode servir de direção espiritual para vivenciar todo este tempo em que clamamos a presença de Jesus no meio de nós.


TU ÉS SANTO
Adriana Arydes


Tão longe procurei no mais simples, estavas tão perto de mim
O som de Tua voz conduziu-me sem deixar-me um fio perder

Sendo humano, sou um sopro Teu
O que me nutre é poder te amar, ó meu Deus!
Tu és refúgio, alicerce para mim
Toda a minha seguraça está em Ti

Inclinai os Vossos céus e descei
Estendei do alto a Vossa mão
E não haverá mal que me possa afligir
Pois tenho a Ti, ó Deus, por mim!

Recebe o meu louvor, a minha oração
Presente para mim, é te render adoração
Por todo o Teu amor, por todo o Teu favor
Feliz sou eu, pois posso declarar: Santo é o Senhor!

Recebe o meu louvor, a minha oração
Presente para mim, é te render adoração
Por todo o Teu amor, por todo o Teu favor
Tu és Santo (4x)





Abraços!!!




Didu

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Missão e música

Boa noite, pessoal!


Hoje, dia 22 de novembro, celebramos a memória de uma grande santa e mártir da nossa Igreja: Santa Cecília. Como músico católico, é claro que busquei um pouco mais de conhecimento sobre essa grande mulher que foi perseguida e martirizada por não aceitar a negação da fé em Cristo, e acabei por descobrir uma grande afinidade com sua personalidade.




Cecília, segundo dados postados na Wikipedia, "é uma santa cristã, padroeira dos músicos pois quando ela estava morrendo, ela cantou a Deus. Não se tem muitas informações sobre a sua vida. É provável que,tenha sido martirizada entre 176 e 180, sob o império de Marco Aurélio. Escavações arqueológicas não deixam dúvidas, sobre a existência, mas sua história só foi registrada no século V, na narrativa Paixão de Santa Cecília."


Pois bem. Reza a tradição que Cecília foi condenada à morte por asfixia, por contrariar as leis do Império Romano ao afirmar sua fé em Cristo. Diz-se que, durante o processo de asfixia, ela não parava de cantar louvores a Deus, e não morreu. Também é conhecida a história de que foi prometida em casamento a um jovem chamado Valeriano, ao qual teria revelado a consagração de sua virgindade a Cristo, após seu casamento. Ele, então marido de Cecília, não só respeitou sua vocação como também se converteu ao cristianismo, recebendo o batismo imediatamente.


O que torna a história de Cecília interessante é que ela viveu a vida em Cristo em forma de música. Harmonia com a vontade de Deus, afinação com a fé e coragem de subir ao palco do martírio e cantar as glórias do Cristo Crucificado. Isso é música para qualquer cristão que queira viver o Evangelho como ideal de vida.


Nós, músicos católicos, devemos seguir esse exemplo de Santa Cecília e deixar que Deus cante em nós, através de nós e apesar de nós. Cantar em nós significa deixar que Deus realize em nosso ser uma obra nova, tornando-nos homens e mulheres capazes de aderir ao evangelho "radicadamente" (para não usar a palavra "radicalmente", que sempre soa, erroneamente, como "fanaticamente"); através de nós no que tange ao nosso chamado a ser evangelizadores pela arte, aonde quer que Ele nos envie; e apesar de nós, por nossos pecados e faltas, que não sejam obstáculos ao anúncio da Palavra de Deus.


O músico católico deve ter seus olhos fixos, antes da partitura, no altar. Lá inicia-se e termina a música que compomos, arranjamos, ensaiamos, entoamos, gravamos e fazemos ficar conhecida. Nenhum de nós pode tirar os olhos daquilo que é verdadeiramente santo pois, caso contrário, nossa música perderia todo o sentido, e seria realmente "nossa", e não de Deus.






O músico cristão precisa deixar de ser autor para ser instrumento. De que adianta a bela composição se não há como executá-la? O instrumento, que não tem vontade própria, pode oferecer (ou não) um belo som. Mas vai depender de quem o toca. Antes da preocupação com o instrumento, que é legítima e necessária, precisamos doar uma parte do nosso tempo ao terço e à sagrada escritura. Antes da escolha das músicas da missa, precisamos deter nossa atenção ao evangelho do dia. Antes da afinação dos instrumentos, está a afinação da nossa vida.


Por outro lado, não podemos acreditar que podemos somente confiar na graça que ela tudo fará. É claro que ela fará, mas com nosso esforço. Precisamos ser músicos "profissionais", no sentido mais místico da palavra. Professar significa aderir, tal qual a nossa "profissão de fé" implica em uma "adesão à fé". Temos que "professar" a nossa fé por meio da música, buscando sempre mais conhecimento na área artística, pois a Palavra de Deus precisa chegar com graça e beleza aos ouvidos incrédulos dos homens do nosso tempo.


Sejamos assim. Deixemos Deus afinar nossas notas da vida, compassar os nossos passos e escrever a partitura que Ele quiser em nossos corações. Sejamos humildes, como um simples húmus que torna fértil os corações daqueles que precisam conhecer a graça de viver em um Deus que se fez homem e habitou entre nós.


Doar o nosso tudo. Eis a nota mais afinada ao instrumento da nossa vida nas mãos de Deus.


"Oferta"
Comunidade Católica Shalom





Santa Cecília, rogai por nós!


Abraços!!!!!!!!!!!!!!




Eduardo Parreiras

domingo, 20 de novembro de 2011

CRISTO, REI DO UNIVERSO

Hoje celebramos a Solenidade de Cristo Rei, que é muito significativa para toda a Igreja e cada um de nós em particular.


No ciclo de celebrações do ano litúrgico, começamos a vivenciar a nossa fé, que é inteiramente centrada em Cristo, no 1° Domingo do Advento, preparando-nos para o Natal do Senhor. Depois das festividades do nascimento de Jesus nós temos a primeira parte do Tempo Comum. Neste tempo, refletimos sobre a vida pública e os ensinamentos de Jesus em suas parábolas e ações durante a sua peregrinação enquanto caminhava neste mundo. A seguir, com a Quarta-feira de Cinzas, começamos o Tempo da Quaresma, período em que a Igreja se prepara para vivenciar os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, na Semana Santa. A Páscoa, tempo mais importante do ano, nos concede a alegria de vivenciar a nova vida trazida pelo Cristo e a vitória definitiva sobre o pecado e a morte. Pentecostes é a solenidade que encerra este período festivo com a invocação e memória do Espírito Santo sobre todos nós. O ciclo termina com a segunda parte do Tempo Comum, quando voltamos para a vida pública de Jesus e seus ensinamentos.


A Solenidade de Cristo Rei não encerra apenas o Tempo Comum, mas todo o ano litúrgico. Tudo o que foi celebrado, desde o Advento, é retomado e vivenciado de forma sucinta nesta única liturgia, e proclamamos o Cristo como definitivo e eterno salvador de nossas vidas.

Jesus trouxe consigo ao mundo a possibilidade de contemplarmos, nele, o rosto de Deus Pai. Isso acontece hoje pela ação do Espírito Santo, que nos acompanha e santifica pela vivência da fé na Igreja. Dizer que Cristo "reina" é o mesmo que dizer que ele é "O Senhor", ou "O Proprietário", ou ainda "Aquele que renova o mundo". Ele é o centro da nossa experiência religiosa, sendo Ele mesmo o próprio meio de nossa "religação" com Deus.

Invocar o Cristo, Rei do Universo, consiste em permitir que o seu reinado aconteça no nosso coração, na nossa família, na comunidade, na sociedade e, consequentemente, em toda a humanidade. Jesus quer que sejamos súditos com direito a reinar com Ele, e esse reino precisa se estabelecer pelo mundo. Nossa conversão está fundamentada exatamente em deixar o Cristo reinar em nós, através de nós e apesar de nós. "É preciso que Ele reine!"


O Reinado de Cristo em nossa vida coincide com a sua providência e misericórdia. Sua coroa, feita de espinhos, nos é ofertada em forma de salvação; seu cetro real, a lança que o feriu, teve a nobre missão de atingir seu coração. Ele carregou seu próprio trono em forma de cruz e se apropriou completamente dele. Já sem seu manto majestoso, foi reconhecido como Rei pelo ladrão que, na mesma situação, se arrepende com as solenes palavras: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino!" (Lc 23,42). Então, ele assumiu com toda a nobreza de homem-Deus o seu reinado, dizendo ao ladrão arrependido: "Ainda hoje estarás comigo no paraíso!" (Lc 23,43) Logo em seguida, pendeu sobre o lenho da cruz e entregou seu reinado ao Pai: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!" (Lc 23,46). Ao terceiro dia, ressurge vencedor para subir ao céus, onde deveria ocupar seu novo e definitivo trono, à direita de Deus Pai, na comunhão eterna do Espírito Santo.

O céu é o reino que o Cristo nos deu por herança, e é preciso viver a regra geral para pertencer a esse reino: "Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo." Esta é a constituição legítima que rege a nós, seus súditos.

Temos que proclamar o Cristo como Rei da nossa vida. É preciso desnudar o nosso coração da arrogância que o reveste e seguir o ensinamento de sua Mãe, Rainha do Céu e da Terra, Mãe da Igreja: "Fazei tudo o que Ele vos disser!" (Jo 2, 5)

Cristo, Rei do Universo, Reine sobre nós!!!


Canção "Divino Diálogo" de Ir. Kelly Patrícia



Eduardo Parreiras

Palavras ao vento

As mais belas palavras são aquelas que não precisam ser ditas, pois fazem sentido até mesmo antes de sua pronúncia. A palavra é bela em si mesma quando o sentido que traz em si é facilmente percebido por quem não precisa escutá-la.


A compreensão não é, entretanto, um necessidade básica da palavra, mas a percepção do que ela quer dizer simplesmente é o necessário para sua realização mais íntegra. Cada palavra traz em si mesma sua exata significação, mas não a percepção, que é doada por quem a pronuncia ou a escuta.

O mais belo na palavra é que ela não precisa existir para que o sentido seja. Uma imagem, uma foto, um som... é o necessário para que algo possa ser percebido, ou até mesmo entendido. Um olhar basta; um sorriso cura; um abraço liberta. Uma flor conquista, ombros elevados podem duvidar. Um arroz torrando ao alho e óleo aguça o paladar. Uma água fresca vence a sede. O ar mantém a vida.

A expressão nem sempre traz a palavra em seu significado mais profundo. Um aperto de mãos é mais útil para selar a paz do que um conjunto bem formado de palavras em uma ou várias frases.

Gosto muito das palavras por elas serem capazes de me transformar por dentro. É delas que eu extraio o que quero expressar, quando não encontro em outras formas o que me é mais exato para dizer sem o uso do vocabulário.

Não à toa, São João escreve no prólogo de seu evangelho que "a Palavra se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1,14), apresentando-nos o perfeito ponto de equilíbrio entre palavra e ação. É a literalidade do "Verbo", enquanto eu procuro o sentido das coisas nos substantivos. Quando procuro o significado nos nomes, eles estão nas ações. Devo aprender mais como utilizar as expressões nas ações ou estados da minha alma. As palavras passarão, então, a ter muito mais sentido para quem me lê.

O silêncio é uma pessoa que sempre me escuta. É nele que as palavras todas perdem ou retomam o sentido. É o lugar da reafirmação da minha fé, que não necessita de palavras para existir.


Eduardo Parreiras

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Enfim, Madrid!!!

Boa noite, meus queridos e feis leitores!

Hoje vou continuar minha partilha da viagem à JMJ Madrid 2011. Para recordar, já postei sobre Fátima (Portugal), Santiago de Compostela e Lugo (ambas na Espanha). Agora chegou a vez de falar sobre Madrid. Como é uma parte muito longa da viagem a ser partilhada, vou dividir em dois posts: um dizendo sobre as impressões que tive da capital espanhola, e outro, no qual partilharei sobre a experiência de vivenciar uma Jornada Mundial da Juventude.



Primeiramente, saímos de Lugo por via terrestre em uma agradável e tranquila viagem até Madrid, em uma viagem de aproximadamente 500 km. Nas moderníssimas autoestradas espanholas, tal distância deixa de ser cansativa.

Levando comigo a lembrança de D. Carmen, que me acolheu doce e espiritualmente em sua casa, deixei as emoções tomarem conta de mim durante esse percurso. Foram aproximadamente 6 horas de deliciosas lembranças. Não prendi as lágrimas e deixei Deus agir como quis. As palavras húmidas me rolavam dos olhos e isso fez um bem inestimável à minha alma, que ainda estava sob o efeito "deslumbrante" de estar visitando a Europa pela primeira vez.

Na chegada a Madrid, a emoção era inevitável. Ver as "Cuatro Torres" no horizonte madrilenho foi maravilhoso. A sensação de estar chegando ao "coração da Igreja jovem" era bem nítida e eu conseguia identificá-la com facilidade. A alegria me tomou por inteiro. Eu que não sabia o que me ocorreria nos dias em que estive por lá. Mas esse assunto virá no próximo post.


A primeira impressão foi de chegar a um lugar completamente diferente do que qualquer outra grande cidade brasileira. Conheço por aqui nove capitais estaduais e nenhuma delas se parece com Madrid. A cidade, que não é muito maior que Belo Horizonte, é muito organizada, limpa e conservada. Guarda um patrimônio rico em sua arquitetura e traçado urbano.


As praças, muito bem conservadas, deixam a cidade ainda mais alegre no quente verão espanhol. As temperaturas chegam facilmente aos escaldantes 40°C no verão madrilenho. O colorido das flores e as diversas tonalidades de verde são de encher os olhos.

Plaza Puerta del Sol

A arquitetura é exuberante. Ressalto a preciosidade da Catedral "Virgen la Real de Almudena", patrona de Madrid. Infelizmente, não a conheci por dentro. Todas as vezes (umas três) que estive por lá, estava fechada, com grande concentração de jovens em suas escadarias, e em todo o entorno da "Plaza de Oriente".

Catedral "Virgen la Real de la Almudena"

Plaza de Oriente

Junto à Praça do Oriente e em frente à Catedral, ergue-se o suntuoso Palácio Real Espanhol. Seu interior é ricamente adornado, em vários corredores, salas e aposentos reais com detalhes estonteantes... pude fotografar somente o pátio e a pomposa escadaria.

Palácio Real de Madrid

Hall do Palácio

Brasão de Armas Real da Espanha

Afresco no teto do Hall do Palácio Real

As ruas e praças de Madrid, embora estivessem abarrotadas de jovens peregrinos de todos os cantos do mundo, estavam relativamente limpas. A educação e cordialidade do povo espanhol é notável, assim como sua frieza no antendimento, que pode ocorrer por vezes. A culinária, quase sempre agradou. Não senti falta do nosso "feijão com arroz".


As igrejas são bem adornadas, com um estilo não tão majestoso como as nossas belíssimas igrejas barrocas do interior de Minas Gerais e outros Estados do Brasil.


O Museu do Prado, um dos mais importantes da Europa e de todo o mundo, guarda preciosidades às quais não cabem comentários. Vi obras de Velázquez, como "As Meninas" e "O Cristo Crucificado"... a "Anunciação" de Fra Angelico é estonteante!!! Pena que não pude, claro, fotografar as obras. Mas a memória doa ao coração belas cenas que enriquecem muito o espírito.

Museu do Prado ao fundo

Eu e Tia Fátima nos jardins do Museu do Prado

Jardins do Museu do Prado

O que mais prendeu minha atenção na cidade foi o sistema de transporte. A integração de Metrô, Trens Metropolitanos e Ônibus funciona com uma perfeição que deixa qualquer brasileiro boquiaberto. A cidade recebeu aproximadamente 1 milhão de jovens peregrinos durante a JMJ e não vi congestionamentos pela cidade. É óbvio que o sistema de transporte estava completamente sobrecarregado, mas não se via trens parados por panes de qualquer natureza, ou até mesmo por não comportar o número de turistas. Tudo funciona. É impressionante!

As estações de integração Metrô/Trem Metropolitano são gigantescas, como por exemplo a estação Atocha Renfe. Dá para se perder facilmente, tamanha imensidão do lugar. Detalhe: o que eles chama de "trem metropolitano" é um sistema de trens tão ou até mais eficiente que o próprio metrô. Uma maravilha!

Estação Atocha Renfe.

Apesar do calor escaldante do verão no sul da Europa, particularmente em uma das regiões mais secas da Península Ibérica, foi gostoso conhecer a capital espanhola. Ver o jeito espanhol de ser é interessante. Dá para perceber bem como se dão as influências na colonização latinoamericana.

Peregrinos por todos os lados seguravam os eficientes mapas que foram distribuídos pela organização da JMJ. Não era dificil localizar-se pela cidade.

Dentre as praças da cidade, destaco a "Plaza de Cibeles", local de acolhida do Papa Bento XVI na quinta-feira, dia 18 de agosto, e da Via Sacra com o Santo Padre, na sexta-feira, dia 19. Ergue-se na praça o belíssimo Palacio de Comunicaciones da Espanha. Uma preciosidade arquitetônica em pleno centro de Madrid.

Praça de Cibeles

O parque "Buen Retiro" também é lindo! Uma imensa área verde bem no centro da cidade. Ao lado, localiza-se a "Puerta de Alcalá", antigo pórtico que marcava a entrada para a cidade, aos viajantes que chegavam de outras partes da Europa.

Porta de Alcalá

Preciso ressaltar a beleza da Plaza de la Castellana, onde estão localizadas as "Torres de Europa", conjunto de dois prédios inclinados, revestidos em vidro, contrastando a arquitetura moderna com o estilo clássico, dominante pela cidade de Madrid.

Torres de Europa, Plaza de la Castellana

Parque de la Castellana

Enfim, para não me estender muito, finalizo com uma foto do grupo reunido em uma das alegres e coloridas ruas da cidade, repleta de peregrinos.

Nosso grupo em Madrid


Até o próximo post!!!