Estamos próximos do término do Tempo Comum, celebrado em nossa querida Igreja para recordar a vida e os ensinamentos de Jesus, enquanto peregrinava neste mundo. Em questões de fé, todo fim tende a dar vida a um novo começo, como uma muda que dá lugar a uma rosa a desabrochar.
Viver o Tempo Comum é andar com Cristo e aprender Dele coisas importantes que residem em sua sabedoria. Seu Coração Divino se revela como a alma do pastor que se ocupa em guardar seu rebanho de ovelhas. Durante esse período de graça aprendemos mais sobre seus ensinamentos imersos nas parábolas e contemplamos os milagres realizados, como curas e libertações.
A liturgia nos convida a deixar de contemplar tais mistérios e começar a vivê-los de fato em nosso quotidiano. Cada Santa Missa celebrada é um momento intenso de cura e libertação, e a Igreja quer que vivamos essa graça. Cada oferta levada ao altar é um agradecimento que se sacramenta e se torna comunhão em nosso coração.
Tempo Comum não tem nada de anormal à luz da fé, mas é um chamado a viver uma religiosidade diferente. É um tempo de santificação em um mundo que só vive em pecado. Viver esse período significa procurar viver na prática o que se celebra no Nascimento, Morte e Ressurreição de Jesus, resumido em seu mandamento máximo: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".
Esse tempo, composto de trinta e quatro semanas, é o tempo do amor, o momento que se estende por fazer valer na vida do cristão os ensinamentos que Jesus instituiu e praticou radicalmente. É bem propício criar raízes no Evangelho enquanto vivemos a liturgia que é celebrada nesse tempo. A cor verde, que impera na liturgia, torna real em nosso coração a esperança que se vive na prática das verdades do evangelho. Pela Palavra de Deus que refletimos nesse tempo, deixamos gotejar em nossa alma a Verdade da Salvação, que é o próprio Cristo.
A trigésima quarta semana do Tempo Comum dá lugar a um novo Tempo: o Advento. Nele, preparamos o nosso coração para receber o Cristo que vem. Aliás, o Cristo é sempre "Aquele que vem", o "Deus conosco", ou "Emanuel". Em Cristo Deus se fez presente neste mundo e veio ao nosso encontro. "Na busca de Deus, é Ele quem se apressa e vem correndo ao nosso encontro", dizia Santo Agostinho.
A chegada é sempre celebrada. Festejar um Deus que chega em nosso meio é algo que precisa ser compreendido, e o Tempo do Advento é exatamente esse período que a Igreja estabeleceu para que conheçamos melhor a encarnação do Verbo de Deus, assim como seu Retorno Glorioso.
"Adveniat regnum tuum", dizia Jesus em sua catequese sobre como devemos orar ao Pai. "Que venha o teu reino!" Esse é o desejo que todo cristão deve cultivar em seu coração. No Advento, temos quatro domingos que nos são propostos à conversão e à espera pelo Cristo que chega até nós. Por isso simbolizamos esse tempo litúrgico com uma coroa composta de quatro velas, que significam a luz que se expande à medida em que o Cristo se aproxima. É o tempo da "aproximação" de um Deus que nos ama e nos salva.
"Senhor, vós que sempre quisestes ficar muito perto de nós, vivendo conosco no Cristo, falando conosco por Ele (...)". Esta é a introdução da Oração Eucarística V, redigida no Congresso Eucarístico de Manaus pela CNBB. Esta é a realidade central da nossa vida de católicos: viver em Deus que, em Cristo, fez-se tudo em todos.
"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós!" (Jo 1,14). Essa é a realidade que esperamos, não no simples sentido de aguardar, mas de crer, aderir, desejar e comungar.
Comungamos o Cristo que veio até nós e permanece em nosso meio. Celebramos seu "memorial", que o torna sempre presente. Eis o significado do Natal: receber de novo um Deus que aqui já está. Nunca é demais dar um "oi" para o Cristo, que nos amor por primeiro.
Sendo assim, clamemos neste novo tempo: Vem, Senhor Jesus! "Adveniat regnum tuum!" Que venha o teu Reino!
Tenho escutado muito a canção "Tu és Santo" de Adriana Arydes. Posto, antes do vídeo, a letra para que seja rezada. A parte grifada pode servir de direção espiritual para vivenciar todo este tempo em que clamamos a presença de Jesus no meio de nós.
TU ÉS SANTO
Adriana Arydes
Tão longe procurei no mais simples, estavas tão perto de mim
O som de Tua voz conduziu-me sem deixar-me um fio perder
Sendo humano, sou um sopro Teu
O que me nutre é poder te amar, ó meu Deus!
Tu és refúgio, alicerce para mim
Toda a minha seguraça está em Ti
Inclinai os Vossos céus e descei
Estendei do alto a Vossa mão
E não haverá mal que me possa afligir
Pois tenho a Ti, ó Deus, por mim!
Recebe o meu louvor, a minha oração
Presente para mim, é te render adoração
Por todo o Teu amor, por todo o Teu favor
Feliz sou eu, pois posso declarar: Santo é o Senhor!
Recebe o meu louvor, a minha oração
Presente para mim, é te render adoração
Por todo o Teu amor, por todo o Teu favor
Tu és Santo (4x)
Didu