quarta-feira, 15 de junho de 2011

Onde está o nosso testemunho???



"Anunciar o evangelho não é, para mim, motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!"  I Cor 9,16


Olá, galera!

Hoje eu gostaria de partilhar com vocês um experiência pela qual passei ontem.

Saí do trabalho pouco antes das 17 h e consegui pegar o ônibus logo em seguida – o que é uma raridade, pois costumo ficar até 30 min no ponto, aguardando uma das três opções de linhas que passam na porta da minha casa... Entrei e, para minha surpresa, o ônibus não estava lotado (ô glória!) e consegui ir sentado!!!

Pedi licença e me sentei ao lado de uma senhora. Abri minha mochila e tirei o meu breviário da Liturgia das Horas, para rezar as vésperas. Assim que abri o livro, percebi que a senhora olhou para o livro e logo virou o rosto para o lado, com uma das mãos sobre ele. Parecia tentar, inutilmente, se esconder de mim... Foi uma atitude bem parecida com as pessoas que se sentam em locais reservados a pessoas com prioridade e que fingem que não estão vendo quando chega um idoso... é de matar!

Fiquei pensando o que poderia passar pelos pensamentos dela. O que a faria virar o rosto quando viu meu breviário??? Talvez tenha pensado: “Lá vem um desses fanáticos protestantes querendo pregar!” Sinceramente, me senti triste com essa reação.

Pois bem. O que nós, cristãos, estamos fazendo com a Palavra de Deus? Como o mundo de hoje a tem recebido? Por que as pessoas tem tanta aversão às Sagradas Escrituras? O que desperta tanta antipatia às práticas religiosas em meio à sociedade?

Primeiramente, uma coisa é certa: não vivemos nosso carisma de cristãos católicos com radicalidade, não no sentido pejorativo (e incorreto) de “fanatismo”, mas no sentido próprio de “enraizamento”, “fundamentação” ou “embasamento”. Ou não fazemos questão de não esconder a profissão de nossa fé, ou a demonstramos ao mundo de maneira realmente fanática e imprecisa, por vezes, insegura.

Viver o catolicismo é aprender que a vida começa no coração chagado de Cristo. É sentar-se à mesa com Ele e participar de seu Banquete Eucarístico. É debruçar em seu peito e sentir seu coração pulsar o próprio nome. É ter uma Santa Mãe e amá-la tal como seu Filho Unigênito a ama. É também, embora não seja ainda uma realidade vivida pelos católicos, debruçar-se sobre a Sagrada Escritura, a fim de beber da fonte de sabedoria, cuja graça é o próprio Cristo agindo em nós.

Temos que deixar que a Palavra de Deus seja uma música em nossa vida. Este é o grande mistério. Aliás, o sentido cristão do “mistério” é a definição de “vivência”, e não de “descoberta”. O cristão não busca e não precisa desvendar os mistérios de sua fé, mas tem que vivê-los. E é exatamente essa vivência que faz a diferença no nosso relacionamento com o mundo. A sociedade, embora não saiba, anseia por Deus. O mundo está ávido de palavras sãs, que edifiquem.

Sinto-me chamado por Deus para cantar suas maravilhas. Não somente com a minha voz, mas com minha vida... Embora eu não sirva de exemplo, sirvo para ser uma folha de papel nas mãos do Senhor Jesus, para que ele escreva, em mim, sua história de amor pela humanidade...

Ao fechar o breviário, tudo voltou ao normal, e a mão da senhora saiu de seu rosto, que já voltou a olhar para a frente, como no início. Espero que meu momento com Deus no coletivo durante a volta para casa a tenha tocado... se aquela senhora, em algum momento de sua vida, sentir-se atraída pela Palavra, meu canto silencioso da Liturgia das Horas terá produzido uma conversão. E assim o céu se alegrará.

A música católica começa a fazer efeito quando não precisa ser cantada.

Nossa música para reflexão de hoje:







Abraços!!!


Eduardo Parreiras
Didu

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