quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CONTRADIÇÕES



Muitas vezes sinto a falta de olhar nos olhos de quem já fez ou faz parte da minha vida. Não sei bem ao certo o motivo, mas meu olhar nem sempre cruza outro. Sei lá, parece que serei condenado a todo e qualquer momento por algum motivo.

Vivo sempre uma culpa dilacerante, que me divide ao meio. Fui criado como o grande culpado pela queda da humanidade no pecado original, como aquele que atrapalha a vida humana e pelo caos que impera sobre o cosmo.


A bênção, a graça, a esperança e a fé são, muitas vezes, apenas substantivos abstratos do gênero feminino, sem relação direta com a realidade. Muitas vezes não consigo usar verbos de ação, porque não me liberto dos verbos de ligação.

Sou inflexível demais para conseguir me conjugar, e nem sempre tenho facilidade com os plurais. O individualismo me rouba da totalidade, fazendo-me sempre parte pequena de um todo muito maior.

Frase, palavra, texto... tudo é pretexto sem contexto.

Gênese e Apocalipse são, muitas vezes, sinais de contradição para mim, como princípio e fim, primeiro e último, nunca como algo que se completa. Completar-me a mim mesmo é uma tarefa impossível, que não tem Gênese nem Apocalipse, pois não pode começar e, muito menos, terminar.

Vivo num constante Êxodo, muitas vezes sem salmodiar a vida, nem profetizar o futuro vindouro. Evangelizar é um Ato de Apóstolo que me parece fora da realidade.


Sinai, Carmelo, Tabor, Oliveiras, Sião e Gólgota são, muitas vezes, apenas referências geográficas longínquas, bem distantes do Espinhaço, Canastra, Mantiqueira, Curral e Rola-Moça.

Vivo em uma constante inversão de valores temporários, que não chegam a roubar definitivamente o lugar dos valores eternos. É certo que minhas culpas às vezes não me permitem desfrutar o olhar, mas minhas convicções podem falar no lugar dos meus olhos. Embora nem sempre haja testemunho, há em mim um amor, embora oculto.


CONTRÁRIOS
Pe. Fábio de Melo

Eduardo Parreiras

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