"Tira as sandálias dos pés, pois o lugar onde estás é uma terra santa." Ex 3,5b
Amados irmãos e irmãs em Cristo: louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo!
Neste terceiro domingo da Quaresma temos uma Liturgia da Palavra bastante rica, porém um pouco confusa, a princípio. Na primeira leitura, do livro do Êxodo (Ex 3,1-8a.13-15), temos a famosíssima passagem de Moisés que, ao conduzir o rebanho de Jetro, seu sogro, em direção ao Monte Horeb, teve uma belíssima revelação de Deus, por meio da visão da sarça ardente. Mesmo incendiada, a sarça não se consome e Moisés se maravilha com a beleza da visão.
História conhecida do Antigo Testamento, com um sentido bastante simples: Deus se revela e se dá a conhecer. Ele é "Aquele que é" (Ex 3.14a). Seu nome, sua personalidade, sua bondade e amor são inefáveis, de impossível descrição. É um Deus próximo, que torna santo todo aquele que o toca, mesmo que com o olhar que lhe é dirigido a certa distância. Todo aquele que se apaixona por "Eu sou" torna-se um ente repleto de vida, banhado pela eternidade.
A Igreja, terra santa e o Novo Horeb, é para nós o monte de Deus na Nova e Eterna Aliança. É na Igreja que a salvação se realiza, onde o homem pode se tornar cada vez mais humano, mais próximo de sua essência primeira, como imagem e semelhança de seu Criador. Cristo, ao reconciliar o mundo com Deus, fez do seu novo povo eleito uma nação santa, portadora do Evangelho do seu amor incondicionalmente salvífico. É na Eucaristia que a sarça do nosso coração não para de queimar, sem se extinguir. É no Coração Sagrado de Jesus que encontramos toda graça e redenção.
Este novo povo eleito, ou seja, toda a humanidade, é potencialmente a Igreja em meio ao mundo. E essa imensurável comunidade humana, repleta do amor de Deus, e também das imperfeições humanas, navega pela história em direção ao céu, que há de vir.
Estamos vivendo um tempo em que o Senhor se revela mais uma vez a nós e, com todo a força de seu amor, nos convida a tirarmos novamente as sandálias dos pés, para tocar, com nossa humanidade, o solo sagrado de sua bondade.
Neste período de Sé Vacante, em que não temos um Papa para chefiar o rebanho de Cristo, precisamos entrar em profunda oração, em comunhão com todo o Corpo Místico de Cristo, de modo especial o Sacro Colégio dos Cardeais, que elegerão, em breve, um novo Sumo Pontífice, que Cristo coroará como ponto de unidade e referência para suas ovelhas. Não me sinto órfão, nem abandonado pelo Papa Emérito, Sua Santidade Bento XVI. Sinto-me, antes, profundamente amado por este homem tão grande, tão humilde e manso. Ele aprendeu de Cristo as virtudes que considero mais sublimes para que o homem se volte com todo o coração para o Senhor: a mansidão e a humildade. Manso porque se deixou tocar pela mão de Deus, e humilde, porque seu coração se tornou húmus, terra fértil, onde a Palavra de Deus germina em graças para toda a Igreja.
A Sé de Pedro está vazia. Ainda não há quem a ocupe, mas em breve teremos um outro Pastor que nos será dado pelo próprio Cristo. O convite que o Senhor nos faz é que o amemos desde já, mesmo que não saibamos quem será. Rezemos pelo Colégio Cardinalício, responsável por abrir a Igreja à moção do Espírito Santo, que virá em nosso favor.
É preciso louvar a Deus sem cessar. Afinal, "ele é bondoso e compassivo" (Sl 102).
EU TE LOUVAREI / TE ADORAR
Walmir Alencar
Deus nos abençoe!
Eduardo Parreiras
Seminarista do 1° Ano de Teologia
Arquidiocese de Belo Horizonte
Nenhum comentário:
Postar um comentário